POR LEANDRO MURAD
Policial
Cartaz O Irlandês
O IRLANDÊS
The Irishman
Martin Scorsese - 2019

Título original: “The Irishman”. Ano: 2019. Direção: Martin Scorsese. Roteiro: Steven Zaillian, Charles Brandt (livro “I Heard You Paint Houses”). Elenco: Robert De Niro, Al Pacino, Joe Pesci, Harvey Keitel, Ray Romano, Bobby Cannavale, Anna Paquin, Stephen Graham, Stephanie Kurtzuba, Jack Huston, Kathrine Narducci, Jesse Plemons, Domenick Lombardozzi, Paul Herman Gary Basaraba, Marin Ireland, Lucy Gallina. País: EUA. Produção: Tribeca Productions, Sikelia Productions, Winkler Films, Troy Allen, Gerald Chamales, Robert De Niro, Randall Emmett, Gastón Pavlovich, Jane Rosenthal, Martin Scorsese, Emma Tillinger Koskoff, Irwin Winkler. Fotografia: Rodrigo Prieto. Música: Robbie Robertson.

Sinopse: No fim de sua vida, um velho caminhoneiro e empregado da máfia (De Niro) conta sua história, com destaque para as relações com o chefe criminoso Russel Buffalino (Pesci) e com o líder sindical Jimmy Hoffa (Pacino).

Antes de tudo, “O Irlandês” é um belíssimo epitáfio do moderno filme de máfia. Os grandes nomes do gênero estão todos aqui: Pacino (“O Poderoso Chefão” – 1972, de Francis Ford Copolla, e “Scarface” – 1983, de Brian De Palma), De Niro e Pesci (ambos dirigidos pelo mesmo Martin Scorsese em “Os Bons Companheiros” – 1990, e “Cassino” – 1995) e até Harvey Keitel, que em Caminhos Perigosos (1973), estreia da parceria Scorsese/De Niro, interpretou um principiante no ramo do crime organizado. Aqui, diferentemente do ritmo alucinado de muitas dessas experiências mafiosas, o diretor conduz o trio central, incrivelmente afinado, com a cadência e a calma de quem, ao longo dos anos, aperfeiçoou-se ao pleno domínio de sua arte. Em especial, impressiona o tom de Joe Pesci, famoso por suas atuações explosivas, mas que aqui apresenta a tranquilidade e a delicadeza de um diplomata, mesmo ao negociar uma execução. Por fim, o filme é também grande por si mesmo, retratando o turbulento período da história dos EUA que passa pelos traumáticos episódios reais do assassinato de Kennedy, em 1963, e do desaparecimento do próprio Hoffman, em 1975. No plano subjetivo, sua abordagem de temas profundos (a morte, a lealdade e a limitação desta à liberdade) continuará a render análises e discussões por muitos anos.

209 min