Título original: “Ikiru”. Ano: 1952. Direção: Akira Kurosawa. Roteiro: Akira Kurosawa, Shinobu Hashimoto, Hideo Oguni. Elenco: Takashi Shimura, Shin’ichi Himori, Haruo Tanaka, Minoru Chiaki, Miki Odagiri, Bokuzen Hidari, Minosuke Yamada, Kamatari Fujiwara, Makoto Kobori, Nobuo Kaneko, Nobuo Nakamura, Atsushi Watanabe, Isao Kimura, Masao Shimizu, Yûnosuke Itô. País: Japão. Produção: Toho Company, Sôjirô Motoki. Fotografia: Asakazu Nakai. Música: Fumio Hayasaka.
Sinopse: Velho chefe de seção (Shimura) de uma prefeitura japonesa descobre que tem poucos meses de vida. Ele então abandona sua repartição e parte em desesperada busca pelo tempo perdido. Até que finalmente percebe que o sentido da vida está mais perto do que imagina.
Na ampla filmografia de Akira Kurosawa, discretamente alocada entre os gigantes “Rashômon” (1950) e “Os Sete Samurais” (1954), encontra-se esta pérola, que demonstra como nenhuma outra a habilidade de um mestre da arte. A história simples e universal é contada com leveza e humor, sem dispensar seus mais profundos significados. Nosso herói, Kenji Watanabe, viveu trinta anos em uma burocracia disfuncional (característica brilhantemente apresentada na sequência inicial), até, à beira da morte, perceber que seu trabalho ali não fazia sentido. Assim, na primeira parte da fita, assistimos Watanabe empreender uma curiosa busca hedonista que, no entanto, não soluciona sua angústia. E então, após muito ressentimento e autopiedade, vem a espetacular epifania, o ápice do filme. Ele finalmente decide o que deve fazer, começa a viver e, ali, em seus momentos finais, dá sentido toda sua existência. Por fim, na linda cena do balanço, vemos que fazer as pazes com a vida é também, serenamente, conciliar-se com a própria morte.
143 min.