POR LEANDRO MURAD
Filme Político
Cartaz A Confissão
A CONFISSÃO
L’aveu
Costa-Gavras - 1970

Título original: “L’aveu”. Ano: 1970. Direção: Costa-Gavras. Roteiro: Horge Semprún; Lise London e Artur London (livro L’aveu). Elenco: Yves Montand, Simone Signoret, Gabriele Ferzetti, Michel Vitold, Jean Bouise, László Szabó. País: França, Itália. Produção: Les Films Corona, Les Films Pomereu, Produzione Intercontinentale Cinematografica (PIC), Fono Roma, Selenia Cinematografica, Robert Dorfmann, Bertrand Javal. Fotografia: Raoul Coutard. Música: Giovanni Fusco.

Sinopse: Tchecoslováquia, 1951. Um importante burocrata do governo (Montand) é preso sem saber por quê. A partir daí ele sofre torturas físicas e psicológicas para confessar crimes que desconhece.

Costa-Gravas, realizador mais identificado com o cinema político e, dentro dele, com o pensamento de esquerda, fez aqui uma das mais agudas críticas ao socialismo stalinista. Mas, grande diretor que é, promoveu uma reflexão muito mais profunda que o desgastado dilema “capitalismo x socialismo”. Baseado em eventos reais, “A Confissão” não apenas denuncia a violência autoritária, mas retrata seu perverso uso para a fabricação da verdade. Na trama, esse sofisticado processo de adequação da realidade à teoria conduz ao julgamento surreal, verdadeira superprodução de ficção. A crítica, portanto, se descola das ideologias. A repetição das acusações de “trotskista”, “titoísta” ou “sionista”, faz com que esses termos percam o significado. Em outras realidades, eles poderiam ser substituídos por “herege”, “comunista”, “corrupto”, ou qualquer outro estereótipo do inimigo. Se o Leste Europeu dos anos 50, felizmente, ficou no seguro passado, a desconfiança quanto a julgamentos espetaculares e inquisidores obsessivos deve permanecer em qualquer época, lugar ou modo de produção.

139 min.