POR LEANDRO MURAD
Cinema Brasileiro
Cartaz O Pagador de Promessas
O PAGADOR DE PROMESSAS
O Pagador de Promessas
Anselmo Duarte - 1962

Título original: “O Pagador de Promessas”. Ano: 1962. Direção: Anselmo Duarte. Roteiro: Anselmo Duarte, Dias Gomes (baseado em peça deste último, “O Pagador de Promessas”). Elenco: Leonardo Villar, Glória Menezes, Dionízio Azevedo, Geraldo Del Rey, Norma Bengell, Othon Bastos, Roberto Ferreira, Antônio Pitanga, Gilberto Marques, Maria Conceição. País: Brasil. Produção: Cinedistri, Oswaldo Massaini. Fotografia: H.E. Fowle. Música: Gabriel Migliori.

Sinopse: Zé do Burro (Villar) carrega uma cruz por sete léguas, até a Igreja de Santa Bárbara, em Salvador, para pagar uma promessa feita quando seu fiel burro Nicolau estava desenganado. Ao seu lado vai sua esposa, Rosa (Menezes). Chegando lá, porém, o padre (Azevedo) não quer deixá-lo entrar, por ter sido a promessa feita em um terreiro de Candomblé. Esta obra assinada por Anselmo Duarte (que até aqui era mais conhecido como grande galã da década anterior) é responsável pelo maior prêmio do cinema brasileiro, a Palma de Ouro em Cannes. Não foi por acaso: com um ritmo crescente impecável e uma fotografia exuberante, em que cada quadro impressiona, pode-se dizer que “O Pagador de Promessas” é um filme perfeito. Querendo apenas pagar sua promessa e ficar com a consciência limpa, o humilde Zé do Burro cai no meio de uma nação cuja identidade está em disputa. Uma nação em que o europeu quer impor sua visão como correta, e se esmera, sem sucesso, em varrer da vista a África que também a constitui. A fé, em suas diversas formas, permeia cada uma das diversas visões apresentadas (através de um rico leque de personagens). Mas a mais forte é mesmo a do Zé do Burro (em atuação arrebatadora de Villar), vítima obstinada de interesses mesquinhos e contraditórios.

105 min.