Título original: “Terra em Transe”. Ano: 1967. Direção: Glauber Rocha. Roteiro: Glauber Rocha. Elenco: Jardel Filho, Paulo Autran, José Lewgoy, Glauce Rocha, Paulo Gracindo, Hugo Carvana, Danuza Leão, Francisco Milani, Maurício do Valle, Joffre Soares, Modesto de Souza, Mário Lago, Flávio Migliaccio, Thelma Reston, José Marinho, Paulo César Peréio, Clovis Bornay, Darlene Glória. País: Brasil. Produção: Mapa Filmes, Glauber Rocha, Zelito Viana. Fotografia: Luiz Carlos Barreto. Música: Sérgio Ricardo.

Sinopse: Em Eldorado, país fictício do Atlântico, o governo popular da província de Alecrim é vítima de um golpe. Revoltado e desiludido com a falta de resistência do líder Vieira (Lewgoy), o militante Paulo (Jardel Filho) se lembra de seu caminho político até ali, de como abriu mão do apadrinhamento do conservador Diaz (Autran) pelos seus ideais, e de como estes foram gradualmente acuados por um intrincado jogo de poder, envolvendo forças políticas locais, um conglomerado estrangeiro e um grande grupo de mídia. Glauber dirige aqui um elenco poderoso, que assombra o espectador já nos créditos iniciais. A obra é uma alegoria política, do Brasil e do golpe, mas também do Brasil em todas as épocas, da América Latina, e pode-se mesmo dizer que algumas de suas questões são universais. Afinal, em que país não se teve de encarar o duro dilema entre o sonho e a realidade, entre o pragmatismo e a utopia, entre a fidelidade e os princípios, entre o morrer pela causa e o calar pela paz (sob o risco de se tornar igual ao que se luta contra)? O que norteia a obra é a contradição (ou não) entre a política e a poesia, contradição que causa convulsões na alma de Paulo, as mesmas convulsões de genialidade glauberiana que explodem na tela.

111 min.