POR LEANDRO MURAD
Espionagem
Cartaz Ponte dos Espiões
PONTE DOS ESPIÕES
Bridge of Spies
Steven Spielberg - 2015

Título original: “Bridge of Spies”. Ano: 2015. Direção: Steven Spielberg. Roteiro: Matt Charman, Ethan Coen, Joel Coen. Elenco: Tom Hanks, Mark Rylance, Amy Ryan, Alan Alda, Scott Shepherd, Sebastian Koch, Austin Stowell, Will Rogers. País: Alemanha, Índia, EUA. Produção: Kristie Macosko Krieger, Marc Platt, Steven Spielberg. Fotografia: Janusz Kaminski. Música: Thomas Newman.

Sinopse: Nos anos 50, auge da Guerra Fria, o espião soviético Rudolf Abel (Rylance) é capturado nos Estados Unidos. O advogado de seguros James Donovan (Hanks) aceita fazer sua defesa e, firme no princípio constitucional de que todo acusado tem esse direito, recusa-se a fazer o trabalho de forma negligente. Tal postura provoca a ira de muitos de seus conterrâneos e contragosto da própria CIA. No entanto, o sucesso da defesa poderá ser um trunfo para que, mais tarde, os americanos negociem a libertação de um prisioneiro dos comunistas (Stowell).

Com sua rica filmografia transitando entre a política e a pipoca, Spielberg conseguiu aqui unir seus dois estilos, entregando um ótimo thriller de espionagem e uma obra que faz pensar. A abordagem da Guerra Fria é impecável, indo desde o ambiente de paranoia macarthista dos EUA no período até o tenso interior da Cortina de Ferro. Não por acaso, o filme pode ser dividido em dois momentos contrastantes e de incrível simetria. Na primeira parte, nos EUA, Abel é o inimigo invasor, capturado e resignado diante da provável execução. Na segunda parte, na Alemanha Oriental, Donovan passa a ser o estranho em ambiente hostil. Ambos, em nome seus valores, tomam decisões difíceis e contrárias ao próprio bem-estar. A semelhança entre eles, em sua integridade, é por fim muito maior do que a diferença de interesses entre as superpotências. “Standing Man”, o homem que resiste, torna-se o lema e o vínculo entre os dois, e a principal mensagem para os dias em que os piores vícios da Guerra Fria voltam a nos assombrar.

142 min.