POR LEANDRO MURAD
Ficção Científica
Cartaz Tudo ao Mesmo Tempo em Todo Lugar
TUDO EM TODO LUGAR AO MESMO TEMPO
Everything Everywhere All at Once
Daniel Kwan / Daniel Scheinert - 2022

Título original: “Everything Everywhere All at Once”. Ano: 2022. Direção: Daniel Kwan, Daniel Scheinert. Roteiro: Daniel Kwan, Daniel Scheinert. Elenco: Michelle Yeoh, Stephanie Hsu, Ke Huy Quan, James Hong, Jamie Lee Curtis, Tallie Medel. País: EUA. Produção: A24, AGBO, IAC Films, Ley Line Entertainment, Year of the Rat, Daniel Kwan, Daniel Scheinert, Mike Larocca, Anthony Russo, Joe Russo, Jonathan Wang, Virginie Besson-Silla. Fotografia: Larkin Seiple. Música: Son Lux.

Sinopse: Em meio a crise conjugal, brigas com a filha adolescente (Hsu), problemas financeiros e pendências na declaração de imposto de renda, uma imigrante chinesa nos EUA (Yeoh) descobre que é a única esperança para salvação de todas as dimensões do multiverso.

Das infinitas possibilidades decorrem, quase naturalmente, confusão e angústia. Ao se ter quarenta opções de sorvete, a frustração pelos trinta e nove de que se abriu mão pode ser maior do que o prazer pelo único que se experimentou. Esta é a armadilha da pós-modernidade, a mesma que poderia fazer de um filme que tome o multiverso como tema um emaranhado desastroso. De fato, “Tudo ao Mesmo Tempo em Todo Lugar” traz, em grande parte de sua exibição, a sensação de ter na boca todos os 40 sabores de sorvete misturados. Mas a escolha de não se levar a sério é certeira e redentora. A história rende constantes risadas, grande parte delas derivadas do fato absurdo de a viagem interdimensional ser necessariamente acionada por comportamentos improváveis e aleatórias. Temos ainda ótimas cenas de luta, decorrentes de a heroína poder acessar as habilidades desenvolvidas em todas as suas infinitas vidas alternativas. E, como em toda boa ficção científica, a proposta imaginária traz a semente da reflexão filosófica e existencial. Forma e conteúdo dialogam todo o tempo e, após desenvolver inúmeras tramas paralelas em torno do fio central, o eixo é elegantemente retomado, rumo à única conclusão que nos salva da supracitada armadilha. Afinal, a assunção das decisões tomadas, e consequente reconciliação com a vida como ela é, é o que nos permite vivê-la plenamente.

139 min.