Título original: “Jungfrukällan”. Ano: 1960. Direção: Ingmar Bergman. Roteiro: Ulla Isaksson. Elenco: Max von Sydow, Birgitta Valberg, Gunnel Lindblom, Birgitta Pettersson, Axel Düberg, Tor Isedal, Allan Edwall, Ove Porath, Axel Slangus, Gudrun Brost, Oscar Ljung. País: Suécia. Produção: Svensk Filmindustri (SF), Ingmar Bergman, Allan Ekelund. Fotografia: Sven Nykvist. Música: Erik Nordgren.
Sinopse: Uma família medieval envia sua filha virgem (Pattersson) para levar velas a uma igreja distante. No caminho, três pastores (Isedal, Düberg e Porath) levam a moça à perdição e à morte. Quando os assassinos inadvertidamente buscam refúgio na casa do pai de sua vítima (Sydow), o cenário para o acerto de contas está montado.
Baseado em uma balada do século XIII, “A Fonte da Donzela” sintetiza em sua narrativa perfeita a mais chocante brutalidade e o lirismo absoluto. O contexto histórico mostra a fé cristã já hegemônica na Escandinávia, mas ainda convivendo de forma tensa com o ancestral paganismo, relegado à marginalidade. Tanto em cristãos como em pagãos, a cultura do sacrifício aflora, seja na forma de oferendas a Odin (a jovem grávida – Lindblom – e o velho da cabana – Slangus) seja como mortificação da própria carne (a mãe da donzela – Valberg). E a violência, ainda que nos subterrâneos das almas, aguarda a ocasião para explodir, em forma estupro ou de vingança. Esta violência não anula aquela, mas a ela se soma, num abismo de ausência de sentido. Por fim, o milagre, a fonte, o sentido das água que transcendem as nossas dúvidas e a tudo redimem, apesar de nós mesmos.
89 min.