Título original: “L’Année Dernière à Marienbad”. Ano: 1961. Direção: Alain Resnais. Roteiro: Alain Robbe-Grillet. Elenco: Delphine Seyrig, Giorgio Albertazzi, Sacha Pitöeff. País: França, Itália. Produção: Cocinor, Terra Film, Cormoran Films, Pierre Courau, Anatole Dauman, Raymond Froment. Fotografia: Sacha Vierny. Música: Francis Seyrig.
Sinopse: Alain Resnais realizou aqui o filme de arte por excelência. Não apenas pelo experimentalismo e pela estrutura não convencional da obra, mas também porque a arte está por toda parte. A começar pela arquitetura do hotel que adentramos, barroca, como o narrador repetidamente destaca, logo no início do filme. Narrador esse que imprime a literatura ao filme, e ela se mescla à imagem (uma fotografia impecável) e à imponente música, se tornando uma coisa só. Há ainda os jardins, suas esculturas marcantes, os quadros nas paredes dos corredores, a encenação de uma peça de teatro. Até as conversas aleatórias dos hóspedes e seus jogos (cartas, palitos, tiro ao alvo) ganham caráter artístico. E, sim, há também uma trama: mulher (Seyrig) é abordada por homem (Albertazzi) em um hotel de repouso. Ele diz que eles se conheceram e se apaixonaram no ano anterior em outro hotel, mas ela teme o marido (Pitöeff) e nega tudo. Muitos significados são possíveis a partir daí. Os mais óbvios partem da associação com a memória e com a percepção do tempo; os mais interessantes enveredam por assustadoras teorias fantasmagóricas (adequadas à atmosfera onírica). Mas entender é apenas uma sequela da experiência de assistir “…Marienbad”, um bônus que complementa a apreciação. E, em um filme cujo entendimento é opcional, este se torna também inesgotável.
94 min.