POR LEANDRO MURAD
Filme Político
Cartaz A Mulher Faz o Homem
A MULHER FAZ O HOMEM
Mr. Smith Goes to Washington
Frank Capra - 1939

Título original: “Mr. Smith Goes to Washington”. Ano: 1939. Direção: Frank Capra. Roteiro: Sidney Buchman, Lewis R. Foster. Elenco: James Stewart, Jean Arthur, Claude Rains, Guy Kibbee, Thomas Mitchell, Eugene Pallette, Beulah Bondi, H.B. Warner, Harry Carey, Astrid Allwyn. País: EUA. Produção: Columbia Pictures Corporation, Frank Capra. Fotografia: Joseph Walker. Música: Dimitri Tiomkin.

Sinopse: John Smith (Stewart), um jovem ingênuo e idealista do interior, é alçado quase ao acaso a uma vaga no senado. Ele então vê a possibilidade de realizar seu sonho: a construção de um acampamento para a juventude de todo o país. Porém, sua bem intencionada lei entra em choque com interesses profundos dos seus próprios tutores políticos.

Dentre a rica filmografia de Frank Capra, em que assuntos profundos são tratados com a leveza da comédia, este “Mr. Smith Goes to Washington” talvez seja o filme que melhor representa o pensamento do autoral diretor. Aqui assistimos a batalha entre o idealismo e a fé nas instituições democráticas, de um lado, e a realidade, do outro. Nesta, essas instituições acabam subordinadas à plutocracia. Essa luta é empreendida pelo herói preferido de Capra: o homem comum. Mas o teimoso indivíduo que Capra propõe não tem nada a ver com o individualismo egoísta por que muitos militam. Sozinho, Smith batalha contra a máquina, mas seu ideal é coletivo: o acampamento que ele quer construir representa a transmissão de valores e do conhecimento sobre direitos humanos para as gerações futuras. Ao ser naturalmente abnegado, Smith comete o maior dos pecados diante de um sistema em que o individualismo egoísta se tornou a norma. Por isso, ele é alvo de uma pesada campanha de difamação, com a ajuda da grande mídia que, já então, era tão sujeita ao dinheiro quanto a própria política. Assim, é Smith quem acaba acusado de buscar ganho pessoal com sua lei, quando, na verdade, esta atrapalharia o lucro escuso de seus detratores. Como de costume, aqueles que só conseguem raciocinar com base no interesse particular verão (ou tentarão fazer com que se veja) interesse particular na ação desinteressada do outro. O empolgante desenrolar da trama acabará por redimir o herói, depois de muito sofrimento e uma grande colaboração de sua experiente assessora (Arthur), cuja importância na história o título nacional faz questão de reconhecer. O singelo idealismo de Smith é comovente, e a impressão final é que, mesmo que a vitória e a redenção do sistema não viessem, teria valido a pena ser John Smith. Porque sua integridade não é meio para conseguir algo, ela é um fim em si.

129 min.