POR LEANDRO MURAD
Filme Político
Cartaz Reds
REDS
Reds
Warren Beatty - 1981

Título original: “Reds”. Ano: 1981. Direção: Warren Beatty. Roteiro: Warren Beatty, Trevor Griffiths. Elenco: Warren Beatty, Diane Keaton, Edward Herrmann, Jerzy Kosinski, Jack Nicholson, Paul Sorvino, Maureen Stapleton, Gene Hackman. País: EUA. Produção: Barclays Mercantile Industrial Finance, JRS Productions, Warren Beatty. Fotografia: Vittorio Storaro. Música: Stephen Sondheim.

Sinopse: O turbulento contexto histórico que inclui a Primeira Guerra Mundial e a tomada do poder pelos bolcheviques na Rússia é visto pelos olhos da intelectualidade radical norte-americana do período, em especial do casal Louise Bryant (Keaton) / Jack Reed (Beatty).

Descrever em poucas linhas a riqueza de “Reds” não é tarefa fácil. O caráter de relato histórico é reforçado genialmente pela inserção de depoimentos de testemunhas reais do período, ainda vivas em 1981, em meio às cenas com atores. Nestas, por sua vez, o grande motor é vida particular do casal central. Jack Reed realizou a cobertura jornalística da Revolução Russa, em seu clássico livro “Dez Dias que Abalaram o Mundo”. O Reed de Beatty e, ao seu próprio modo, a Louise Bryant de Keaton encarnam o difícil dilema entre abraçar um ideal coletivo e preservar a felicidade individual. Essa relação se torna mais dramática na parte final do filme, quando ambos viajam à Rússia. O país, que abandonara a guerra imperialista para fazer a revolução, logo se vê em outra guerra, esta para preservar essa revolução, em meio a um ambiente externo que não poupa meios para derrubar o regime recém-instituído. E, em condições tão hostis, o preço da manutenção de um sonho pode ser transformá-lo em pesadelo. Uma das falas finais de Reed/Beatty prenuncia os rumos trágicos que a União Soviética tomaria nas décadas seguintes, e que Reed não viveria para ver: “quando você elimina o que é único em um homem, você elimina a dissidência, e quando você elimina a dissidência, você mata a revolução, porque a revolução é dissidência”. E, no entanto, prova de que permanece vivo o sonho da conciliação entre as duas esferas de felicidade, individual e coletiva, é que a última cena da primeira parte, ao som da Internacional, ainda arrepia.

195 min.