Título original: “Easy Rider”. Ano: 1969. Direção: Dennis Hopper. Roteiro: Peter Fonda, Dennis Hopper, Terry Southern. Elenco: Peter Fonda, Dennis Hopper, Jack Nicholson, Luke Askew, Luana Anders, Sabrina Scharf, Robert Walker Jr., Toni Basil, Karen Black, Antonio Mendonza, Phil Spector, Mac Mashourian, Warren Finnerty, Tita Colorado. País: EUA Produção: Pando Company, Inc., Raybert Productions, Peter Fonda. Fotografia: László Kovács.
Sinopse: Com dinheiro de uma revenda de drogas, dois motoqueiros (Fonda e Hopper) partem rumo ao Mardi Gras, famoso carnaval de Nova Orleans. No caminho, eles interagem com a América profunda, em sua múltipla realidade.
Nos anos 60, um novo país parecia surgir dentro dos Estados Unidos. Era o período da “contracultura”, que teve sua representação mais emblemática no cinema, em “Easy Rider – Sem Destino”. E apenas dois jovens novatos em Hollywood poderiam tê-la realizado de forma tão autêntica. O diretor Dennis Hopper e o produtor Peter Fonda o fizeram porque viviam essa realidade cultural. E o que foi a contracultura? Passeios de motocicleta e cabelos compridos ao vento, diante das paisagens exuberantes das estradas norte-americanas, ao som do rock and roll de Steppenwolf, The Band, Byrds e Jimi Hendrix? Isso tudo, certamente, mas também algo ainda mais importante. Os hippies e a juventude sessentista empreendiam uma busca pela liberdade genuína. Pode-se criticar os meios e resultados dessa busca, como faz Peter Fonda/Capitão América na parte final da narrativa. Nesse sentido, a compra da liberdade (tráfico, prostituição) e o consumo abusivo de drogas seriam apenas ilusão de liberdade. Pode-se também, como parece fazer o selvagem Billy/Dennis Hopper, apenas curtir estilosamente o barato, pouco importando se liberdade ou ilusão de liberdade. Mas é da boca de um terceiro elemento, o advogado George Hanson/Jack Nicholson, que sai melhor leitura do fenômeno, em texto possivelmente escrito pelo corroteirista Terry Southern. Segundo Hanson, não importava o que os motoqueiros cabeludos eram, mas o que eles representavam. O simples fato de representarem a verdadeira liberdade era suficiente para incomodar os conservadores e ferozes defensores status quo. Aqueles que falam por horas sobre liberdades individuais, mas que têm na verdade tanta liberdade quanto uma fruta à venda na feira. Estes se assustam com qualquer coisa que sequer represente uma liberdade real. Por isso, aquele vicejante novo país que surgia no meio dos Estados Unidos, nos anos 60, já nos anos 80 estaria morto e enterrado pela velha América, mais forte e careta do que nunca. Permaneceriam apenas os espólios da falecida jovem América – drogas, motocicletas, rock and roll – devidamente comprados e vendidos no mercado, para incremento do lucro dos capitalistas. Assim, o caráter profético do antológico final é o que mais impressiona neste filme que ainda é, e será por muito tempo, uma grande viagem.
95 min.