Título original: “Blackkklansman”. Ano: 2018. Direção: Spike Lee. Roteiro: Charlie Wachtel, David Robinowitz, Kevin Willmott, Spike Lee, Ron Stallworth (livro “Black Klansman”). Elenco: John David Washington, Adam Driver, Laura Harrier, Topher Grace, Corey Hawkins, Jasper Pääkkönen, Paul Walter Hauser, Ryan Eggold, Ashlie Atkinson, Robert John Burke, Harry Belafonte, Alec Baldwin. País: EUA. Produção: 40 Acres & A Mule Filmworks, Bloomhouse Productions, Legendary Entertainment, Monkeypaw Productions, Perfect World Pictures, QC Entertainment, Jason Blum, Spike Lee, Raymond Mansfield, Sean McKittrick, Jordan Peele, Shaun Redick. Fotografia: Chayse Irvin. Música: Terence Blanchard.

Sinopse: Sul dos EUA, anos 70. Disposto a investigar o potencial agressivo do grupo racista Ku Klux Klan, policial negro (Washington) faz contato telefônico com a organização, demonstrando interesse em filiar-se. Como ele não poderia comparecer às reuniões, outro agente (Driver), este judeu, é enviado em seu lugar para se infiltrar.

Spike Lee transpôs para o cinema, em momento mais que oportuno, esta inacreditável história real. Imediatamente, e em muitas cores, grita na tela a homenagem ao cinema marginal negro dos anos 70. E não é apenas na estética que o blaxploitation está presente: há uma cena, impagável para qualquer cinéfilo, em que o herói e sua namorada (Harrier) conversam sobre os clássicos do gênero, avaliando cada um enquanto os cartazes surgem na tela. Assim, a narrativa mantém um tom espirituoso que certamente aumenta a diversão e o envolvimento com o filme, mas não o torna mais leve. É, antes, aquele humor necessário para tornar suportável esta trágica realidade, a saber, que o pensamento doentio da KKK tenha adesão em uma sociedade pretensamente civilizada. E, pior, como mostra o acachapante epílogo, tenha se tornado hegemônico a esta altura do século XXI. De fato, em grande medida, viver em 2018 traz um incômodo comparável ao de se estar infiltrado na Klan.

135 min.