Título original: “Ran”. Ano: 1985. Direção: Akira Kurosawa. Roteiro: Akira Kurosawa, Hideo Oguni, Masato Ide, William Shakespeare (peça “Rei Lear”). Elenco: Tatsuya Nakadai, Akira Terao, Jinpachi Nezu, Daisuke Ryû, Mieko Harada, Yoshiko Miyazaki, Hisashi Igawa, Peter, Masayuki Yui. País: Japão, França. Produção: Greenwich Film Productions, Herald Ace, Nippon Herald Films, Masato Hara, Serge Silberman. Fotografia: Asakazu Nakai, Takao Saitô, Shôji Ueda. Música: Tôru Takemitsu.

Um velho Senhor da Guerra (Nakadai) resolve se aposentar, dividindo seus domínios entre os três filhos (Terao, Nezu e Ryû). Ele espera que a união torne os três mais fortes, mas o que se sucede é a divisão e a guerra entre todos.

Neste épico histórico de grandiosidade ímpar, Kurosawa adapta a história de “O Rei Lear”, de William Shakespeare, transportando-a para o Japão feudal do século XVI. Trata-se da terceira experiência do diretor com o velho dramaturgo inglês, depois de “Trono Manchado de Sangue” (1957, baseado em “Macbeth”) e “O Homem Mau Dorme Bem” (1960, inspirado em “Hamlet”). “Ran” é tido pela ampla maioria dos críticos como o ápice técnico e artístico de Kurosawa, que demonstra o pleno domínio de cada quadro e de cada detalhe da ação. A trama, cheia de intrigas palacianas, xadrez político-militar e batalhas hipnotizantes, enseja ainda dramas pessoais apresentados em atuações poderosas (entre elas, a inesquecivelmente assustadora Lady Kaede, de Mieko Harada). A tragédia da condição humana em um tempo de disputas, violência e vinganças sem fim, chega ao nível do horror, em um quadro cuja imensa beleza só poderia mesmo ser captada pelo olhar contemplativo dos deuses.

162 min.