POR LEANDRO MURAD
Cinema Brasileiro
Cartaz Bacurau
BACURAU
Bacurau
Kleber Mendonça Filho / Juliano Dornelles - 2019

Título original: “Bacurau”.  Ano: 2019. Direção: Kleber Mendonça Filho, Juliano Dornelles. Roteiro: Kleber Mendonça Filho, Juliano Dornelles. Elenco: Barbara Colen, Thomas Aquino, Silvero Pereira, Thardelly Lima, Rubens Santos, Wilson Rabelo, Carlos Francisco, Luciana Souza, Karine Teles, Antonio Saboia, Sônia Braga, Udo Kier. País: Brasil, França. Produção: Ancine, Arte France Cinéma, CNC Aide Aux Cinémas du Monde – Institut Français, CinamaScópio Produções, Globo Filmes, Globosat/Telecine, SBS Films, Símio Filmes, Saïd Ben Saïd, Emilie Lesclaux, Michel Merkt. Fotografia: Pedro Sotero. Música: Mateus Alves, Tomaz Alves Souza.

Sinopse: Em um futuro próximo, adentramos Bacurau, distrito de Serra Verde, oeste de Pernambuco. Quando a pequena população local percebe que a cidade sumiu do mapa, algo terrível está para acontecer.

Muito pouco deve ser revelado de antemão sobre um filme cujos elementos centrais são a surpresa e a reviravolta. Mas pode-se dizer sem medo que se trata de uma das mais competentes produções nacionais dos últimos anos: um brilhante estudo de gênero que, combinando de forma coesa elementos de faroeste, terror, ficção científica e, por que não, cinema brasileiro, resulta em impactante “filme de cerco”. Um dia, a obra poderá ser assistida considerando-se apenas os méritos cinematográficos. Hoje, porém, ela é indissociável do quadro sociopolítico real que reflete. A sensação de ameaça presente em Bacurau já estava, em forma mais sutil, nos dois longas anteriores de Kleber Mendonça Filho (de que Juliano Dornelles participara como diretor de arte). Nesse sentido, “O Som ao Redor” (2012), “Aquarius” (2016) e “Bacurau” (2019) formam uma “trilogia da ameaça crescente”, em que a representação da violência é gradualmente mais explícita a cada novo filme, seguindo, de forma assombrosa, a evolução política brasileira entre 2012 e 2019. O espectador também foi radicalmente transformado nesse breve intervalo de anos, na mesma medida que separa o bem-intencionado protagonista do primeiro filme, a aviltada heroína do segundo e a organizada população do terceiro. E, a esta altura, não é exagero dizer que o futuro imaginado em “Bacurau” não soa nem um pouco distante.

131 min.