POR LEANDRO MURAD
Comédia
Cartaz A Costela de Adão
A COSTELA DE ADÃO
Adam's Rib
George Cukor - 1949

Título original: “Adam’s Rib”. Ano: 1949. Direção: George Cukor. Roteiro: Ruth Gordon, Garson Kanin. Elenco: Katharine Hepburn, Spencer Tracy, Judy Holliday, Tom Ewell, David Wayne, Jean Hagen, Hope Emerson, Eve March. País: EUA. Produção: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM), Lawrence Weingarten. Fotografia: George J. Folsey. Música: Miklós Rózsa.

Sinopse: A advogada Amanda (Hepburn) e seu marido Adam (Tracy), promotor, encontram-se em lados opostos no julgamento de uma mulher (Holliday) acusada de tentar matar o marido (Ewell) e sua amante (Hagen).

Feminista desde o seu irônico título, “A Costela de Adão” é uma obra que parece rejuvenecer a cada ano, conforme as questões que trata com bom humor ganham proeminência no pensamento humano. Assisti-lo hoje é uma boa surpresa para quem espera apenas uma datada comédia de guerra dos sexos. A guerra aqui é de elevadas ideias: em torno do caso de Judy Holliday (engraçadíssima com seu manual de “como usar uma arma”), uma poderosa e altamente motivada Katharine Hepburn constrói seu discurso e levanta um ideal: não deve a acusada gozar da mesma leniência comumente aplicada aos homens em situação semelhante? Se não, não fica exposta a inaceitável diferença de gêneros aos olhos da justiça? Por outro lado, se o erro no tratamento dos homens se consagra no tratamento das mulheres, não é a própria lei a vítima? Este é o ponto do legalista conservador mal-humorado vivido por Spencer Tracy, que tem seu grande palco nas cenas domésticas, enquanto a estrela de Katharine Hepburn brilha ao máximo no espaço público dos tribunais. Até nisso o filme é subversivo! Ao final, fica evidente que Hepburn, Tracy, Holliday, o casal de roteiristas Garson Kanin e Ruth Gordon (mais conhecida hoje pela atuação em “O Bebê de Rosemary” e “Ensina-me a Viver”) e o diretor George Cukor estavam, no distante ano de 1949,  séculos à frente de muitos “saudosistas” dos dias de hoje.

101 min.